A ALMA DO TRABALHO "Fecharam-se as portas e do contexto emergiu uma das verdades inerentes à condição do ser (um) humano. Habituados às constantes fusões que pluralizavam a singularidade e amenizavam o caos existencial, as barreiras antes transparentes fizeram-se paredes. Entre o céu e a vista está uma janela, entre um “eu” e um “tu” está a máscara. E fez-se silencio. E fez-se noite. E fez-se vácuo. Nunca o que nos limita foi tão bem delineado, e nunca tão em vão. Pele que separa uma nostalgia constante de uma rotina desgastante. Um não sentir que, no entanto, dói. Um isolamento totalitário. Um “eu” oprimido, na sua mais pura forma. Sozinhos (até).
Até sentir (n)o silêncio. Do vazio que sufoca, que esmaga, que dói, surge a arte. Uma mão mensageira, capaz de carregar a tempestade incorporada para a tela. E o interior liberta-se. Escorrem as lágrimas que morrem num sorriso. Um risco que se transforma e voa. Se voa! Incertezas que se acertam. Energias oscilantes consoante quem as expressa. A mente isolada manifesta-se. Um isolamento que se quebra com a arte. Isol(arte)mente.
A lua sempre fez falta, mas só lembrou a saudade quando (por mero acaso) cruzou a vista. As queixas constantes de falta de tempo passaram a queixos caídos de tempo a mais. Subjetivos num coletivo de liberdade condicional. Hoje somos ilhas, e nunca o horizonte esteve tão perto. Isolados fizeram-se um. Vazios fizeram-se cheios. A pedra condenada à insignificância, ganhou sentido. A Estória fez História. Empurrem." - Mª Matilde Silva, 2020